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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Perdoar ou não Perdoar? Eis a Questão!

O perdão é algo que precisa ser aprendido e desenvolvido.

Conheci uma menina que abortou com treze anos. Não consegue se perdoar.

Conheço também todas as pessoas cujos casos são mencionados a seguir. Um garoto insistiu com o pai para que fosse com ele a um teleférico. Na descida, um cabo se rompeu e o pai perdeu a vida. Uma mulher ficou viúva e, daí em diante, passou a odiar Deus. Outra traiu o esposo, engravidou, e agora só pensa em suicídio. Não consegue falar a verdade nem se perdoar. Um filho sofreu muito devido à separação dos pais e, até hoje, após 15 anos de divórcio, se culpa por tudo o que aconteceu. Chora e preferiria não ter nascido. Uma garota foi violentada e não consegue perdoar Deus. Um menino cresceu vendo a mãe apanhar do padrasto. Um dia, pegou um machado e acabou com todo o sofrimento dela. Ele está na cadeia e não se arrepende de nada.

Por mais tristes e dramáticos que sejam esses casos, nenhum é mais intenso e dificil que o nosso. Diante da mágoa, temos que, inevitávelmente, escolher perdoar ou não quem nos ofende, quem nos fere. Teorizar ou teologizar essa questão é mais fácil que vivê-la. Porém, por mais dificil que seja, precisamos tomar uma decisão: perdoar ou não perdoar.

Questão 1

O perdão é algo que deve ser aprendido e desenvolvido. É uma das evidências da maturidade cristã e da maturidade do homem. É uma necessidade espiritual, emocional e social. Quando o assunto é perdão, estamos falando da obrigatoriedade de recriar relacionamentos destruídos pelos erros e pelas mágoas. É claro que essa obrigatoriedade é relativa. Perdoar tem um preço alto, e nem todos estão dispostos a pagar. Mas me lembro de uma frase cunhada por Derek Bok, ex-reitor e presidente da Harvard: “Se você acha que é cara a educação, experimente a ignorância”. Parafraseando esse pensamento, diríamos: “Se você acha caro o perdão, experimente o não perdoar”.

Por exemplo: Qual seria o preço de Jesus não nos perdoar? Pecadores eternos? Dívidas eternas? Derrota eterna? Qual seria o preço do não perdoar? Incalculável! Em nossos relacionamentos, sempre teremos que escolher o preço que desejamos pagar: o do perdão ou do não perdão. Mas teremos, inevitávelmente, um preço a pagar. Essa escolha é quase sempre muito dificil porque, em qualquer uma das decisões, haverá perdas e muita dor.

Lembro-me da história de uma mulher que escolheu o caminho do não perdão. Foi traída pelo marido e, embora percebesse seu arrependimento, não conseguia perdoar. O marido fez de tudo, pediu perdão, implorou, insistiu, mas só encontrou indiferença como resposta. Os anos se passaram, o marido desistiu e acabou casando-se novamente. Aqui está um trecho do depoimento da mulher traída: “Eu não podia perdoá-lo, ele me machucou demais. Ele tinha que sentir a mesma dor que eu senti. Resolvi não perdoar porque ele não merecia. Ele destruiu nossos planos. Ele insistiu por dois anos para que voltássemos, até que desistiu. Desde que isso ocorreu, já se passaram sete anos. Um dia desses, entrei num supermercado e o vi. Ele estava coma atual esposa e os dois filhinhos. Eram uma família. Eles brincavam, sorriam e pareciam felizes. E eu estou aqui: sózinha, sem ninguém, perguntando-me como teria sido se tivesse perdoado meu marido..” Sem dúvida, o preço do não perdão é muito alto.

É claro que essa história poderia ter tido um desfecho diferente. A mulher poderia estar feliz com outra familia e o ex-marido sofrendo até hoje pelo que fez. Esse final de história seria mais compativel com a lei da ação e consequência. Mas, quando a questão é perdão, não se trata de merecimento ou justiça, e sim, da graça. Perdão é oferecido para quem precisa e não para quem merece. O perdão é o único reagente eficaz para cicatrizar as feridas abertas pelas mágoas e violências que sofremos na vida.

Amanhã postaremos a questão 2 desse assunto. Até lá!

Artigo retirado da Revista “Quebrando o Silêncio”

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