“Abandonar mágoas e buscar reconciliação são condições básicas para a renovação espiritual da igreja” Revista Adventista, julho 2011.
Sempre que falamos em reavivamento e na plenitude do Espírito Santo, pensamos no cenáculo. Imaginamos confissões, vigílias, louvor. Sem dúvida, tudo isso fez parte da preparação para o Pentecostes. Antes, porém, uma condição essencial teve que se cumprir na vida daqueles homens. Impedimentos entre eles deviam ser retirados. E foi às margens do Mar da Galiléia que Jesus realizou Sua última cura, não física, mas de relacionamentos. Havia entre os apóstolos um clima de rivalidade que gerava profundo mal-estar. Essa desunião entre os Doze era o principal obstáculo que os impedia de serem enchidos pelo Espírito. Era sua lepra.
À beira-mar, Jesus criou um ambiente para favorecer a cura – Jo 21:1-17. Repetiu o milagre da pesca – o mesmo de quando disse que faria de Pedro um pescador de homens – e preparou um braseiro com alimento para compartilhar com os discípulos (Pedro negou Jesus em volta de um braseiro – João 18:18. Naquele lugar, para cada negação de Pedro, Cristo deu uma afirmação de Seu perdão. Não somente Se reconciliou com ele, mas o restabeleceu no ministério perante todos. Assim, Ele deu aos discípulos um inesquecível exemplo de aceitação que influencia a igreja até hoje. Nas brasas vivas do amor de Cristo, Pedro e os demais queimaram todo orgulho e exaltação própria.
Dali em diante, o espirito de disputa se desvaneceu, e o episódio seguinte em que encontramos os discípulos é o de Atos 1:14, em que “todos (…) perseveravam unânimes em oração”. Quando os pecados foram perdoados e as diferanças, resolvidas na base do amor incondicional, estavam prontos para orar juntos.
“Pondo de parte todas as divergências, todo desejo de supremacia, uniram-se em íntima comunhão cristã”. (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 37).
QUESTÃO ESSENCIAL
Sem perdão e reconciliação, os discípulos jamais teriam recebido o Espírito Santo. Sem reconciliação, Deus não pode derramar Seu Espírito hoje. Sem perdão mútuo, Deus não pode nos perdoar. Quando cobrimos feridas, abafamos nossas contendas e maquiamos as rugas do caráter, nossas orações se tornam até mesmo ofensivas a Deus (Isaías 1:13). Isso me preocupa muito! (Grifo acrescentado)
Cristo abriu uma ferida, e isso doeu em Pedro, que se entristeceu (Jo 21:17). Mas Jesus a abriu para curá-la. Em nossas dissensões, evitamos tocar nas feridas, temendo a dor, mas essa dor é necessária para limpar e curar o ferimento. Precisamos pôr de parte nosso orgulho e ter coragem para resolver nossas diferenças com a pessoa que nos ofendeu ou a quem ofendemos. Em amor incondicional, devemos nos abraçar uns aos outros, reconhecer nossos pecados, dar e receber perdão, para sermos reavivados. Antes de buscar os dons do Espírito, necessitamos do fruto (Gl 5:22,23). Mais do que nunca, precisamos de Jesus. Somente Ele pode realizar o milagre da reconciliação. Se O buscarmos humildemente, Ele nos perdoa e nos capacita a perdoar. Precisamos refletir Seu amor na prática, amparando nosso próximo, para que nossas feridas sejam curadas (Is 58:8). Somente Ele pode tirar as mágoas entre nós e abrir caminho para sermos cheios do Santo Espírito.
Revista Adventista, julho 2011, p.12
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