A lei cerimonial é diferente da lei moral. A lei moral refere-se aos dez mandamentos, escritos em duas tábuas de pedra pelo próprio Deus, e é uma lei eterna e imutável. Jesus ensinou claramente que a santa lei de Deus não muda, conforme Mateus 5:17 e 18, e muitos outros textos, e conforme o estudo Nº 11 desta série.
1) No que consistia a lei cerimonial? As leis cerimoniais consistiam em ordenanças e sacrifícios de animais, que representavam Cristo e o Seu sacrifício.
2) Desde que tempo já era conhecido o sistema de sacrifícios e outras ordenanças que apontava para Jesus?
“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala.” Hebreus 12:4. Ver Gên. 4:3-5, Gen. 8:20 e Jó 1:4 e 5. Desde após o pecado Deus já providenciou o sistema de sacrifício que apontava para o sacrifício de Cristo.
3) Quando a lei cerimonial foi organizada? Foi organizada quando o povo de Israel estava a jornadear no deserto, foi praticada no tabernáculo com Moisés, e seguida no templo, e durou até a morte de Jesus.
“E me farão um santuário, e habitarei no meio deles.” Êxodo 25:8
“E chamou o Senhor a Moisés, e falou com ele da tenda da congregação, dizendo: Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta ao Senhor, oferecerá a sua oferta de gado, isto é, de gado e de ovelha.” Lev. 1:1 e 2
“Esta é a lei do holocausto, da oferta de alimentos, e da expiação do pecado, e da expiação da culpa, e da oferta das consagrações, e do sacrifício pacífico, que o Senhor ordenou a Moisés no monte Sinai, no dia em que ordenou aos filhos de Israel que oferecessem as suas ofertas ao Senhor, no deserto de Sinai.” Levítico 7:37 e 38.
4) Quando terminaram as leis cerimoniais? Foi com a morte de Jesus na cruz conforme os seguintes versos:
“Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.” Colossenses 2:14
“Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz.” Efésios 2:15
“E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras.” Mateus 27.51.
Tanto é verdade que a lei cerimonial foi abolida; isto é, terminou com a morte de Cristo; que hoje não se vê mais pessoas sacrificando animais na religião judaica. Após a Morte de Jesus alguns judeus, de forma isolada e rara, ainda foram vistos realizando alguns sacrifícios, mas depois do ano 70 d.C, já não se tem registros de sacrifícios de animais como adoração no meio Judeu. E ao surgir o Cristianismo, a religião surgiu da forma correta, adotando o verdadeiro Cordeiro ressuscitado, vivo e a interceder por nós no santuário celestial.
5) Quais são as diferenças entre a lei dos 10 mandamentos e a lei cerimonial?
a) A lei moral é chamada de lei real conforme Tiago 2:8; já a lei cerimonial é chamada de “lei que consiste em ordenanças” Ver Efé. 2:15
b) A lei moral foi escrita por Deus em tábuas de pedra conforme Êxodo 24:12; já a lei cerimonial foi ditada por Moisés. Ver Levítico 1:1-3
c) A lei moral foi escrita pelo dedo de Deus conforme Êxodo 31:18, já a lei cerimonial foi escrita por Moisés em um livro. Ver II Cronicas 35:12
d) A lei moral foi posta dentro da arca conforme Êxodo 40:20 e I Reis 8:9 e Hebreus 9:4; já a lei cerimonial foi posta ao lado da arca. Ver Deut. 31: 24-26
e) A lei moral “é perfeita” conforme Salmo 19:7; já a lei cerimonial “nada aperfeiçoou.” Ver Hebreus 7:19 e Heb. 9:9
f) A lei moral deverá “permanecer firme para todo o sempre” Conforme Romanos 3:31 e Salmo 111. 7 e 8; já a lei cerimonial terminou na cruz. Ver Col. 2:14
g) A lei moral não foi destruída por Cristo conforme Mateus 5:17, já a lei cerimonial foi abolida por Cristo. Ver Efésios 2:15
h) A lei moral devia ser engrandecida por Cristo conforme Isaías 42: 21, já a lei cerimonial foi tirada por Cristo. Ver Col. 2:14
i) A lei moral comunica conhecimento do pecado conforme Romanos 8:30 e 7:7; já a lei cerimonial foi instituída por causa do pecado.
j) A lei moral é espiritual conforme Romanos 7:14; já a lei cerimonial é carnal. Ver Heb. 7:16
6) Como entender e encontrar a diferença entre os “sábados cerimoniais”, conforme Colossenses 2:16 ; e o sábado do do 4º mandamento da lei de Deus, conforme Êxodo 20:8?
“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados” Colossenses 2.16
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.” Êxodo 20:8
SÁBADO SEMANAL - Analisando o sábado semanal, a Bíblia atribui a sua origem na criação e foi estabelecido no sétimo dia da semana quando Deus terminou Sua obra como Criador, estabelecendo-o como o Seu santo dia. Várias referências ao sábado semanal são encontradas tanto no Velho quanto no Novo Testamentos, e João chamava-o, também, de dia do Senhor. Ver Apoc. 1:10; Isaías 58:13; Marcos 2:28.Deus declara que os sábados semanais são de Sua propriedade e classifica-os de os "Meus sábados" e "sábados do Senhor:
a) "Cada um respeitará a sua mãe e o seu pai e guardará os Meus sábados." Levítico 19:3
b) "Guardareis os Meus sábados e reverenciareis o Meu santuário." Levítico 19:30
c)"Aos eunucos que guardam os Meus sábados, escolhem aquilo que Me agrada e abraçam a Minha aliança..." Isaías 56:4-8
d) "Também lhes dei os Meus sábados, para servirem de sinal entre Mim e eles..." Ezequiel 20:12
e) "Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus." Êxodo 20:10; Deuteronômio 5:14; Êxodo 16:23
Outra referência a essa propriedade sabática é quando Cristo ao rebater as acusações dos fariseus de transgredir o quarto mandamento, disse: "assim o Filho do Homem, até do sábado é Senhor" Marcos 2:28. O apóstolo Paulo, também, cita o descanso de Deus instituído na criação, no capítulo 4 da carta aos Hebreus: "Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: 'E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera... Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das Suas." Hebreus 4:4-11; Gênesis 2:1-3
SÁBADOS CERIMONIAIS – Em Colossenses 2.16 refere-se aos sábados cerimoniais.
Quais eram os sábados cerimoniais praticados pelos israelitas?
Em Levítico capítulos 16 e 23, e Números capítulos 28 e 29, estão enumerados os vários dias de festa para os israelitas. Cada um desses dias festivos constituía uma santa convocação e era um dia de descanso, palavra que no hebraico é a mesma de sábado “Shabbat.” Contudo, eram dias móveis dentro da semana. Estes feriados eram os sábados de descanso, mas que podiam cair a qualquer dia da semana e quando coincidia de cair em um dia de sábado semanal, era chamado de sábado grande, por comemorar o sábado da festa e o semanal.
Eis a seguir os sete sábados cerimoniais e seus respectivos dias de celebração:
1.º Sábado Cerimonial - Páscoa - 14.º dia do primeiro mês.
2.º Sábado Cerimonial - Festa dos Pães Asmos - 21.º dia do primeiro mês.
3.º Sábado Cerimonial - Festa das Primícias - 6.º dia do terceiro mês.
4.º Sábado Cerimonial - Festa das Trombetas - 1.º dia do sétimo mês.
5.º Sábado Cerimonial - Dia da Expiação - 10.º dia do sétimo mês.
6.º Sábado Cerimonial - Festa dos Tabernáculos - 15.º dia do sétimo mês
7.º Sábado Cerimonial - Festa dos Tabernáculos - 22.º dia do sétimo mês.
Estes sábados aí estão associados a dias de festas e lua nova, que eram solenes festividades nacionais judaicas, ou feriados fixos. Ora o sábado do Decálogo não tem esta natureza. Não era festivo nem típico.
Em Colossenses 2:14-17, Paulo está falando das ordenanças cerimoniais do Antigo Testamento que cessaram com a morte de Cristo na cruz conforme o v. 14. O verso 17 descreve essas ordenanças como sombras de um corpo que é Cristo, e Hebreus 8:5 fala do próprio sacerdócio que as oficiava como figura e sombra das coisas celestiais. Qualificando esses sábados como sombras das coisas que haviam de vir nos versos 16-17, Paulo os distingue do sábado semanal, que é um memorial da criação.ver Gn 2:1-3; Êx 20:8-11; 31:16-17; Hb 4:4, 9-11, para identificá-los com os sábados anuais de Israel. Ver Lv 23:4-44, que prefiguravam a redenção em Cristo.
A declaração “ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados” Cl 2:16 é semelhante à de Oséias 2:11: “Farei cessar todo o seu gozo, as suas festas de lua nova, os seus sábados e todas as suas solenidades.” As expressões “seus sábados” e “vossos sábados” em contraste com “Meus sábados” e o “sábado do Senhor” referem-se nas Escrituras geralmente ao ano sabático de descanso da terra. Ver Lev. 25:1-7; 26:34-35; 43; II Cr 36:21 ou às santas convocações anuais dos israelitas, também denominadas de sábados. Ver Lev. 23:27 e 32. Esses sábados cerimoniais cessaram com a morte de Cristo.Cl 2:14-17, enquanto o sábado semanal continua vigente durante a “nova aliança” . Ver Jr 31:31-33; Is 56:1-7; Hb 4:9-11.
Com o surgimento do cristianismo, os cristãos sabiam muito bem que não precisavam mais obedecer as ordenanças que envolviam sacrifícios de animais e outras cerimónias, mas sabiam também que deviam continuar a obedecer aos 10 mandamentos da lei de Deus, dos quais o sábado semanal constitui o 4º mandamento.
DECLARAÇÕES DE ALGUNS TEÓLOGOS SOBRE COLOSSENSES 2:16:
Adam Clark, em seu autorizado comentário, assim interpreta Colossenses 2:16: "Não há aqui indicação de que o sábado fosse abolido, ou que sua obrigação moral fosse superada pelo estabelecimento do cristianismo. Demonstrei em outra parte que 'Lembra-te do dia do sábado para o santificar' - é um mandamento de obrigação perpétua, e nunca pode ser superado senão pela finalização do tempo."
Jamieson, Fausset, and Brown, estudiosos fundamentalistas, assim comentam Colossenses 2:16: "Sábados... referem-se ao dia da Expiação e festa dos Tabernáculos que chegaram ao fim com os cultos judaicos a que pertenciam (Levítico 23:32, 37 e 39). O sábado semanal repousa em base mais permanente, tendo sido instituído no Paraíso para comemorar o remate da Criação em seis dias. Levítico 23:38 expressamente distingue o 'sábado do Senhor' dos outros sábados."
Albert Barnes, em sua obra Notes on The New Testament, comenta Colossenses 2:16, textualmente: "Não há nenhuma evidência nessa passagem de que Paulo ensinasse que não havia mais obrigação de observar qualquer tempo sagrado, pois não há a mais leve razão para crer que ele quisesse ensinar que um dos Dez Mandamentos havia cessado de ser obrigatório à humanidade. Se ele tivesse escrito 'O sábado', no singular, então, certamente estaria claro que ele quisesse ensinar que aquele mandamento (o quarto) cessou de ser obrigatório, e que o sábado não mais devia ser observado. Mas o uso do termo no plural, e a sua conexão, mostram que o apóstolo tinha em vista o grande número de dias que eram observados pelos hebreus como festivais, como uma parte de sua lei Cerimonial e típica, e não a lei Moral, ou os Dez Mandamentos. Nenhuma parte da lei Moral - nenhum dos Dez Mandamentos - poderia ser referido como 'sombra das coisas futuras.' Estes mandamentos são, pela natureza da lei Moral, de obrigação perpétua e universal."
H. Strong: "Nem nosso Senhor nem Seus apóstolos ab-rogaram o sábado do Decálogo. A nova dispensação anulou as prescrições mosaicas relativas à maneira de guardar o sábado, mas continua reafirmando sua observância como de origem divina necessária à natureza humana. Nem tudo na lei mosaica foi abolido por Cristo... Cristo não cravou na cruz mandamentos do Decálogo." Esse testemunho fala por si: Os "sábados" de Colossenses 2:16 eram cerimoniais. Há estudiosos que alinham os sábados em sete, durante o ano judaico, e que no ano 30 de nossa eram assim se teriam seguido: 15 de Nisã (sexta-feira), 21 de Nisã (quinta-feira), 6 de Sivã (sábado), 1.º de Tishri (domingo), 10 de Tishri (terça-feira), 15 de Tishri e 22 de Tishri (domingo). De qualquer maneira, recaíam em dias diversos da semana. Deus descansou no sábado do sétimo dia, porém não fez o mesmo nos sábados anuais. Ao primeiro Deus chama "os Meus sábados" (Ezequiel 20:20); aos últimos, chama-os de "seus sábados" (Oséias 2:11; Isaías 1:13), etc. A própria Bíblia estabelece a distinção, como vimos.”.
Não há como contestar uma verdade tão clara da Bíblia como essa amigo, a única coisa que temos a fazer, sabedores de que foi Deus quem instituiu o Sábado, é aceitá-lo como Seu dia e o honrá-lo.
Que Deus nos abençoe
Luís Carlos Fonseca
Adaptado por: Amaury Júnior.